Uma das principais características do músico Leandro Ferrari é a utilização da gaita diatônica com novas texturas, através de filtros e pedais normalmente utilizados por guitarristas.
Ex-integrante da banda The Nasty Blues (liderada pelo italiano Bruno Avanzato), leciona aulas particulares e seu curso de gaita na Pro Music Escola de Música desde 1997, também é o idealizador do “Minas Harp/ Encontro de Gaitistas” e atualmente colunista do portal “O Debate” onde escreve sobre blues, jazz e aulas de gaita.
Ferrari já marcou presença em importantes eventos musicais, como Pop Rock Brasil (Belo Horizonte – 2000/2003), Planeta Atlântida / Palco B (Santa Catarina – 2000), Rock’n Halls (São Paulo – 2003), 5o Harmônica e Blues Project (São Paulo – 2003), Garimpo (Belo Horizonte – 2007), Conexão Vivo (Gov. Valadares – 2009), abriu o show do gaitista texano Kim Wilson & The Fabulous Thunderbirds em 1996, ao lado da banda Mandinga Blues em BH e foi uma das atrações do 4o Encontro Internacional de Gaitistas realizado em 2005 no Sesc Pompéia/SP. Já recebeu elogios de Jason Ricci (USA), Greg Zlap (FRA), PT Gazell (USA) e de outros renomados gaitistas. Também gravou e tocou com Skank (Vamos Fugir), Sideral, Jam Pow!, alem de outros importantes trabalhos.
Em 2005 criou o projeto Compadres com o objetivo de produzir novas sonoridades e novos timbres sobre variados gêneros musicais. Ferrari trabalhou em parceria com Cubanito (Black Sonora), Glauco (Tianastácia), Rafael Carneiro (Paralaxe), Pow MX (Lealsoundsystem) e outros grandes músicos de diferentes estilos e bandas. O primeiro CD que reuniu elementos como Hip Hop e Eletrônica foi lançado em 2006, produzido pelo guitarrista Augusto Nogueira, seguido dos singles Saliva (2007) e Sk8 Dub (2008).
Leandro Ferrari usa gaitas Bends.
DISCOGRAFIA: BATRAK 2004, MACHAKA (SINGLE) 2005, LEANDRO FERRARI Y COMPADRES 2006, SALIVA (SINGLE) 2007, SK8 DUB (SINGLE) 2008 www.bandasdegaragem.com.br/leandroferrari
www.myspace.com/leandroferrari
www.leandroferrari.blogspot.com
leandroferrari@leandroferrari.com
Dica do Mestre:
A utilização de pedais, filtros e truques de estúdio na gaita vêm de muito tempo. Tudo começou com Little Walter; preocupado em não perder espaço para as guitarras que haviam sido eletrificadas após a segunda guerra mundial ele adotou um procedimento simples, ligou um pequeno microfone em um amplificador e mudou de vez a história da gaita. Além de usar este método para obter mais volume ele também explorou novos timbres e efeitos até então inéditos. Segundo o pesquisador Madison Deniro ele foi o primeiro músico a utilizar, propositadamente, uma distorção eletrônica.
Você pode notar então que a história da guitarra elétrica se cruza com a história da gaita elétrica. Mas por alguns motivos, dentre eles o conservadorismo dos músicos e do público de blues (diga-se de passagem, que tem todo meu respeito e meu entendimento, pois é necessário exaltar e manter as raízes e a história, também) a gaita não acompanhou o desenvolvimento da guitarra. Nomes como Jimi Hendrix, Jeff Back, Jr. Tostoi, Tom Morello, tornaram a guitarra e seus pedais um instrumento mágico capaz de reproduzir infinitas texturas.
Mas alguns já ousaram e passaram essas barreiras, como Robert Plant (Led Zeppelin), Sugar Blue, Mark Ford, Mad Cat, Chris Michalek e John Popper. No Brasil alguns nomes com Júlio Rego, Vasco Faé, Guto Grandi, Jefferson Gonçalves, Bruno Castro e Rodrigo Eberienos também já introduziram o uso de pedais e efeitos em seus sons.
Bom, e como eu entro nesta história? A verdade é que hoje o uso de pedais e efeitos em minha música é minha principal característica, o que me levou a priorizar boa parte dos meus estudos e pesquisas nessa direção.
No final da década de 90 comecei a pensar em ser mais útil dentro de uma banda. Fosse ao blues rock contemporâneo do Nasty Blues ou ao pop, reggae e ska da Jam Pow. Como não domino muito bem outros instrumentos, veio à necessidade de alterar as texturas e timbres de minha gaita oferecendo assim mais opções de arranjos para tais bandas.
Comecei então minha pesquisa usando o POD 2.0 da Line 6 e depois passei para o XT. Esse emulador alem de eliminar o uso de amplificador, pois funciona como um pré amplificador se necessário, me oferecia inúmeros pedais por um baixo custo. Também tinha a possibilidade do uso de fone de ouvido, o que facilita o estudo dos efeitos em qualquer ambiente. Nesta época achei um mic Electro Voice 630 (dinamic) que por ter um sinal mais limpo, seria um grande aliado no futuro. Introduzi ao meu som logo depois o Whammy IV da digitech e pude também experimentar o V. Amp da Behringer, mas este não curti muito a qualidade dos timbres, com exceção do preset de fábrica de uma guitarra synth, que até hoje não consegui em nenhum outro pedal, e que pude utilizar bastante em algumas gravações (veja final de Wonder em www.leandroferrari.com).
Num próximo momento tive a oportunidade de me enveredar pelo fantástico mundo dos plugins em gravações do 1º CD do compositor e baterista Toni Carvalho e de um projeto chamado Batrak, em parceria com meu amigo de longa data, Rafael Carneiro. Consegui levar minhas pesquisas cada vez mais longe. A esta altura já alterava completamente o timbre original da minha gaita e tinha na verdade praticamente um outro instrumento em minhas mãos. Resolvi apelidar o uso dos efeitos na harmônica de “Gaita Synth” pra explicar os novos timbres sem causar tanto pânico. Mas senti alguns problemas, realmente tinha deixado de ser gaitista, já não era mais uma gaita o que eu tocava. Também não consegui reproduzir ao vivo uma parte do que fazia em estúdio. Parti então para uma nova fase, o uso de somente pedais analógicos.